Foi há 11 anos que o Timóteo entrou nas nossas vidas. Caminhava apavorado entre a Calçada do Combro e a Rua da Rosa, em Lisboa. Tinha entre quatro e cinco anos e era de grande porte. E agora? Telefonar para a câmara para o vir recolher, levar para o canil e abatê-lo? Nessa altura era a prática comum. Ficámos com ele. A mudança de hábitos e ritmos foi tremenda, mas o Timóteo instalou-se e tornou-se membro de pleno direito da nossa família. Nos nossos passeios, acabámos por conhecer melhor as pessoas com cães também adotados, cujas histórias partilhávamos com espanto, alegria e desgosto: como se podem descartar seres vivos com tamanha leviandade, condenando-os à morte quase certa ou a vida tão incerta?