A Europa amanheceu com decisões, metas e muitos avisos à navegação da Presidente da Comissão Europeia. Num discurso de serenidade, mas duramente assertivo, Ursula Von der Leyen provou que a Europa unida tem, finalmente, uma liderança forte, sem medo das palavras e com uma estratégia. Falta passar da teoria à prática em várias áreas e de forma célere, mas o plano e as decisões orientadores para o futuro foram bem audíveis. Ursula parece agora ainda mais empoderada pela guerra. Vale a pena fazer marcha atrás, ou seja, carregue no botão do comando do seu televisor (ou consulte o site do Diário de Notícias), ande para trás, e ouça (ou leia) o discurso de Ursula Von der Leyen ontem em Estrasburgo, a propósito do Estado da União Europeia.
O mundo tem os olhos postos nos preços das matérias-primas. A escalada tem vindo a acentuar-se nos últimos meses e a preocupação aumenta a cada semana que passa. Agora é a vez de o petróleo voltar a subir. O custo do barril cresceu 3% e atingiu, ontem, o valor mais alto de três anos. Mais: é a primeira vez, desde 2018, que o crude ultrapassa a barreira dos 75 dólares por barril. O petróleo do Texas (WTI) atingiu 75,93 dólares por barril (cerca de 63,9 euros), para contratos futuros para entrega em agosto. Há uma espécie de linha psicológica que foi ultrapassada e que está a preocupar os agentes económicos e, claro, os consumidores, que têm de abastecer os depósitos dos seus automóveis regularmente.
Olhos colados às televisões e aos sites e ouvidos bem abertos. Os portugueses esperavam a comunicação da "libertação total" aquando da comunicação na sequência da reunião do Infarmed, ontem à tarde, mas ainda não foi desta. Mais vale prevenir do que cantar vitória antes do tempo certo. O encontro, em que Presidente da República, Presidente da Assembleia da República e governo ouviram os especialistas da área saúde, deixou antever um novo alívio das medidas restritivas da pandemia, mas de forma leve. Antes do encontro, Marcelo Rebelo de Sousa disse que já passaram os tempos em que entrava naquela reunião com o "coração pequenino", mas pediu "serenidade". Não vem aí a liberdade completa, mas a terceira fase de desconfinamento.
Ursula von der Leyen reforçou o seu papel como uma das grandes líderes da Europa, além de Angela Merkel, claro. No seu discurso sobre o estado da Europa, proferido ontem, traçou metas ambiciosas a atingir no combate à pandemia, no avanço da vacinação e enalteceu ainda a importância da criação de uma entidade europeia que irá trabalhar na prevenção e resposta a crises pandémicas futuras. A presidente da Comissão Europeia acredita que com a existência do certificado digital e o entendimento entre os Estados membros, tudo ficará mais fácil em termos de política de coordenação global da área da saúde para os anos vindouros.
Na política, e não só, não se podem deixar espaços vazios, sob pena de serem ocupados pela concorrência. O PSD deixou em aberto uma arena política importante quando deixou de realizar a Festa do Pontal, que contava com cerca de 40 anos de história. Rui Rio optou por um espaço pequeno, em Faro (Teatro das Figuras), para uma tarde de reflexão sobre as eleições autárquicas. O PS escolheu um palco algarvio para absorver rápida e estrategicamente esse espaço, marcando o final do verão e a rentrée política em Portimão.